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Um acordo de paz à Guerra Comercial entre EUA e China?

17/01/2020 17:26:14 / por Wagner Parente

Os Estados Unidos e a China assinaram o que foi denominado “acordo de primeira fase” durante cerimônia realizada nesta quarta-feira (15) na Casa Branca.

De acordo com o documento, Pequim assume o compromisso de importar um total de US$ 200 bilhões em bens dos Estados Unidos, incluindo produtos agrícolas, para reduzir o déficit comercial entre os dois países, além de não manipular o valor da moeda e de proteger a propriedade intelectual das empresas norte-americanas.

Washington, por outro lado, manterá as taxas alfandegárias adicionais de 25% sobre US$ 250 bilhões de bens importados da China e de 7,5% sobre US$ 120 bilhões. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ressaltou que as tarifas serão retiradas se/quando houver a fase dois do acordo. Trump também mencionou que transferências e licenças de tecnologia serão reguladas pelas regras de mercado e que a propriedade intelectual dos americanos estaria resguardada pelo acordo. Outros setores beneficiados serão o de serviços manufaturados, energia e finanças.

Para o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o texto acordado foi mais do que esperado pelos negociadores. Do lado chinês, também foi ressaltado que o acordo é um grande passo para as duas potências e para a economia mundial como um todo, além de que “todos ganham com a cooperação”. Na prática, no entanto, trata-se ainda de uma “trégua frágil” diante da guerra comercial entre os dois países.

Não há indícios de que a China abrirá mão das políticas de inovação questionadas pelos Estados Unidos. Enquanto Pequim continua buscando implementar seu Plano "Made in China 2025", que visa a transformar as empresas estatais chinesas em potências tecnológicas, com capacidade em setores de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros elétricos, Washington permanece considerando que tal iniciativa viola os compromissos assumidos pelo país asiático na abertura do mercado.

Ademais, frente aos custos do acirramento da guerra comercial para diversos setores americanos ao longo do último ano, a conclusão de um acordo, ainda que parcial, deverá ser usada no discurso de Trump para seus eleitores. Durante a cerimônia, o Presidente fez questão de mencionar que o acordo entre Estados e China foi pensado, em primeiro lugar, para os empregos e empregados americanos. Interessante notar que a segunda fase das negociações foram postergadas para depois das eleições presidenciais nos EUA, em novembro desse ano.

As tensões comerciais entre a China e os EUA foram uma das causas da diminuição do ritmo do crescimento global em 2019 e sua manutenção tem um potencial negativo para mercados emergentes como o Brasil. Os efeitos podem ser sentidos tanto no fluxo de exportações quanto na atração de investimentos estrangeiros para o País, por mais que alguns setores possam ter experienciado melhorias pontuais em decorrência das barreiras criadas entre as duas maiores potências globais. A assinatura do acordo é um passo importante para a superação do conflito, mas ainda está longe de representar uma solução a longo prazo para o impasse.

Tópicos: Comércio Internacional, Estados Unidos, Guerra Comercial, China, Investimentos, Donald Trump

Wagner Parente

Escrito por Wagner Parente

Wagner Parente acumula a função executiva de CEO da BMJ com atuações consultivas nas equipes de Relações Governamentais e Comércio Internacional. Wagner é advogado, mestre em Direito das Relações Econômicas Internacionais pela PUC-SP e possui MBA em Gestão de Negócios pela FIA-USP, além de ser professor de Relações Institucionais na Fundação Getúlio Vargas.

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