Nesta semana, a embaixada chinesa no Brasil reagiu às declarações do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro e presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) da Câmara dos Deputados, sobre os riscos relacionados à participação de empresas chinesas na infraestrutura brasileira de telecomunicações.
Segundo Eduardo, o Brasil apoia a iniciativa “Clean Networks” dos Estados Unidos que busca redes de telecomunicações “sem espionagem da China”. Yan Wanming, embaixador chinês no Brasil, repudiou a afirmação e disse que Eduardo Bolsonaro estaria espalhando desinformação e criando animosidades entre os países. O embaixador afirmou ainda que as autoridades brasileiras “vão arcar com as consequências negativas e com a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil.”
As declarações de Eduardo e a reação chinesa representam mais uma escalada nos conflitos relacionados ao 5G no país e criam atritos entre os governos chinês e brasileiro. Com isso, a China pode pressionar o Executivo por um pedido formal de desculpas, sob a ameaça de impor embargos comerciais ao país. Vale ressaltar que a China é um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Atores como o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM/MS), podem atuar nos bastidores para evitar novos conflitos e amenizar a posição brasileira no 5G. Nesse sentido, vale destacar que embora o Brasil de fato apoie a iniciativa “Clean Networks”, a proibição da Huawei no Brasil ainda não foi formalizada.
A decisão sobre o tema só deve ser tomada em 2021 e deve ser influenciada tanto pelos debates no Congresso Nacional quanto pela fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF), que devem pressionar o Palácio do Planalto para uma decisão mais técnica.