Um grupo de 20 governadores divulgou uma carta criticando as recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro. Na carta, o grupo desaprovou a posição do governo em comentar questões delicadas sem antes consultá-los. Os governadores alegaram que as declarações do presidente sobre o ICMS, a Reforma Tributária e o recente caso da morte de Adriano Nóbrega - caso em que Bolsonaro acusou o governador da Bahia Rui Costa (PT) de envolvimento com criminosos - não contribuíram para a evolução da democracia no País. A ideia foi liderada pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e contou com o apoio de outros adversários do presidente, como João Doria (PSDB/SP) e Flávio Dino (PCdoB/MA). Os governadores encerraram a carta deixando um convite aberto ao presidente Bolsonaro para participar do próximo Fórum de Governadores, a ser realizado em abril. O Palácio do Planalto não comentou a carta.
A posição dos governadores é o resultado de uma série de declarações do Presidente de que, como no Congresso, não procurou estabelecer um relacionamento próximo com os governadores. Inicialmente, o presidente costumava criticar apenas os governadores da oposição, mas nos últimos meses algumas declarações, como a de combustíveis, afetaram até os governadores mais alinhados com Bolsonaro. Em parte, as críticas servem como uma tentativa de compartilhar algumas demandas dos eleitores com os governadores. Além disso, algumas declarações são dirigidas a governadores que são vistos como potenciais oponentes eleitorais do Presidente. A difícil interação entre a Presidência e os governos estaduais deve dificultar questões como a Reforma Tributária, em que os interesses dos estados são diretamente afetados.