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O profissional de Relações Institucionais e Governamentais

17/04/2019 09:47:36 / por BMJ Consultores

Por Ana Paula Abritta[i] e Verônica Prates[ii]

 

Alguns levantamentos apontam para um universo de mais de 90 mil profissionais[1] exercendo atividades de Relações Institucionais e Governamentais (RIG) no Brasil. Conforme empresas de recrutamento apontam, o mercado segue aquecido e tende a continuar crescendo pelos próximos anos. Por outro lado, a produção teórica e acadêmica sobre a área ainda é incipiente no País, assim como o conhecimento da população em geral sobre o seu papel. Ainda, há também a discussão sobre a regulamentação da atividade, cujo principal projeto de lei data de 2007.

O profissional de hoje, afinal, é também o profissional do futuro. Muitos de nós estaremos ativos em 2040 e 2050, e se manter no mercado é, e continuará sendo, uma questão de conseguir acompanhar seu dinamismo. Para atingir este objetivo, liderança, autonomia e motivação continuarão entre as habilidades profissionais primordiais para o nosso sucesso. É importante destacar ainda que sua imagem e reputação, ativo fundamental na atividade, nada mais é do que a consequência do acúmulo de experiências e interações que o profissional vivencia diariamente. E vale lembrar que uma das principais ferramentas utilizadas na defesa de interesses, o lobby, já traz a sua carga de preconceitos e desinformação a ser superada.

O papel do lobby convencional, aqui entendido como uma atividade ética e legítima, sem dúvida permanecerá na rotina do profissional de RIG.  Porém, soma-se a ele muito mais estrutura e técnica do que antes era imaginado. Para se diferenciar, seja em consultoria, seja dentro de organizações, é exigido que o profissional apresente resultados concretos.

É uma área de atuação extremamente multidisciplinar, em que as habilidades de relacionamentos interpessoais precisam ser combinadas à capacidade de gerir projetos, lidar com uma ampla gama de temas complexos sob pressão, e comunicar efetivamente informações dentro e fora da organização. De fato, as estruturas da área de RIG são das mais diversas, e os tamanhos das equipes também. O que há em comum é a necessidade de engajar atores externos não só de governo, mas também internos, e ser capaz de construir pontes entre todos os envolvidos no projeto, independentemente de hierarquia.

As habilidades essenciais contribuem diretamente para o sucesso destes relacionamentos.  A liderança vai muito além da vocação para gerir equipes. Antes de delegar e direcionar colegas de trabalho, o profissional que saiba exercer a autoliderança terá um diferencial. Entender que o maior fator de crescimento profissional será a partir da autocrítica e de sua desenvoltura para planejar e investir em si mesmo seria o ápice para sua manutenção no mercado de RIG do futuro.

Mas, qual a melhor formação acadêmica para atuar na área? Diversos artigos abordam características de profissões e avanços tecnológicos que devem ser dominados para que uma pessoa seja considerada um profissional talentoso nos próximos dez ou 15 anos. De fato, espera-se que cursos de especialização sejam cada vez mais disputados e os moldes do currículo mais ajustados às demandas concretas do mercado.

Ainda assim, a verdade é que muitas das habilidades necessárias não serão ensinadas em sala de aula. É aqui que entra a capacidade de autonomia do profissional. No sentido literal da palavra, a habilidade de governar-se pelos próprios meios. Entender que o indivíduo trabalha para si mesmo, independentemente da empresa com a qual está comprometido, também se torna um diferencial em um determinado momento. O que pode ser observado cada vez mais nos novos ingressantes no mercado de trabalho é que trazem em si o “propósito”, a sensação de que se está promovendo mudanças positivas, a crença de que se atua por um bem maior, o que tem grande aderência às atividades de RIG.

Finalmente, mesmo vindo de perspectivas e frentes diferentes da área, é certo que para ser bem-sucedido e, acima disso, para se manter motivado e feliz com esta ocupação, o profissional deve estar convicto de sua relevância para a construção de políticas públicas mais qualificadas e de sua contribuição para um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento de negócios no país. A defesa de interesses é condição imprescindível para o avanço da sociedade em democracia.

 

[1] Quem são os lobistas brasileiros. https://sigalei.com.br/blog/quem-sao-os-lobistas-brasileiros/

 

[i] Ana Paula Abritta é coordenadora da equipe de Relações Governamentais da BMJ. Bacharela em Relações Internacionais pela Universidade Católica de Brasília (UCB) e pós-graduada em Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

[ii] Verônica Prates é Coordenadora de Relações Institucionais, no escritório de São Paulo. É bacharela em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Science (LSE, Reino Unido), com MBA em Gestão de Comércio Exterior e Negócios Internacionais pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e realizou diversos cursos em Relações Governamentais e Operações de Comércio Exterior.

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