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Uma promessa que não foi cumprida

Escrito por Wagner Parente | 29/09/2020 17:43:17

Líderes da base governista se reuniram hoje para debater a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, que cria gatilhos fiscais para estados e munícipios e que deve incluir em seu escopo a Renda Cidadã – o nome do novo programa que pode substituir o Bolsa Família a partir de 2021. A elaboração desta proposta tem causado grande embate dentro do governo sobre a origem dos recursos que serão destinados para a ampliação dos programas de transferência de renda.

Apesar dos acenos apresentados pelo líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP/PR), de que o governo iria apresentar a segunda fase da Reforma Tributária, a promessa não foi cumprida. O descompasse foi motivado pela falta de acordo entre lideres partidários a respeito da proposta do governo sobre um novo imposto sobre transações digitais.
 
A ideia do novo imposto é rejeitada tanto por Maia quanto por Alcolumbre, o que sinaliza que a matéria teria dificuldades de avançar significativamente no Congresso.Outro empecilho para o avanço da Reforma Tributária é a pressão dos governos estaduais para incluir na proposta um fundo de compensação de perdas de receita para os entes federados. Maia já vinha articulando uma maneira de incluir o fundo, mas a equipe econômica do governo resiste à ideia.

O governo já vem sinalizando que a PEC do Pacto Federativo e a nova fase da Reforma Tributária são dois temas prioritários para esse semestre. Apesar disso, a discussão não é pacífica e é improvável que as duas propostas consigam ser deliberadas até o final do ano. O governo defende que o novo imposto sobre transações digitais é a única solução para financiar uma ampla desoneração da folha de pagamentos, mas a proposta ainda encontra resistência no Poder Legislativo e não deve ter condições de ser aprovada se for colocada em deliberação durante o período eleitoral. Além disso, o fundo de compensação defendido por estados e municípios encontra resistência no Ministério da Economia.

O Palácio do Planalto busca dar protagonismo aos parlamentares como forma de blindar a popularidade do Presidente em medidas com um potencial negativo como os cortes em programas sociais existentes e a criação de novos impostos. Apesar disso, essa estratégia pode ter efeitos limitados já que eventualmente o Presidente precisará assinar as medidas aprovadas pela classe política.