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O segundo encontro de Bolsonaro com Trump

Escrito por Wagner Parente | 09/03/2020 20:16:30

O presidente Jair Bolsonaro viajou aos Estados Unidos neste sábado (7) para uma série de agendas que deve durar quatro dias. Participam da comitiva brasileira o deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), e os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. No primeiro dia de viagem, Bolsonaro se encontrou com sua contraparte norte-americana, o presidente Donald Trump. Na ocasião, Trump elogiou Bolsonaro, que estaria fazendo um “trabalho fantástico” e celebrou a proximidade entre Brasil e os Estados Unidos. Em nota, a Casa Branca divulgou os assuntos tratados durante o jantar, que incluíram: apoio à Juan Guaidó na Venezuela; aprofundamento de discussões para um possível acordo bilateral entre os países; o apoio dos EUA ao processo de acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE); e iniciativas nas áreas de ciência e tecnologia, saúde e defesa. Até o momento, os países adotaram um Plano de Trabalho em Ciência e Tecnologia para o período de 2020 a 2023 e assinaram o Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação (RDT&E), voltado para a área de defesa. Vale destacar que o encontro entre os presidentes se dá em um momento delicado para o Brasil, que vem trabalhando internamente na viabilização dos leilões do 5G no país. Fontes indicam que o Itamaraty se posicionou formalmente contra a presença da Huawei na infraestrutura de telecomunicações e que o assunto foi, supostamente, discutido no encontro.

A proximidade dos Estados Unidos é estratégica para a atual política externa brasileira, que se baseia fortemente na amizade entre Donald Trump e Jair Bolsonaro. Neste sentido, o encontro entre os presidentes reforça uma imagem positiva para o Brasil de que ambas as nações estão alinhadas em alguns dos principais tópicos da política internacional – como a presidência de Juan Guaidó na Venezuela e o processo brasileiro de entrada na OCDE. Este alinhamento deve se refletir em pauta positiva e ressoar especialmente bem dentre parte do eleitorado de Bolsonaro, muito alinhado aos ideais e preceitos de Donald Trump. Neste sentido, Jair Bolsonaro e seus ministros devem capitalizar politicamente este encontro para reforçar o caráter inovador da atual política externa brasileira. De um ponto de vista pragmático, a assinatura do acordo militar deve ser entendido como o principal resultado destas agendas até o presente momento. Este deve permitir que o Brasil tenha maior acesso ao mercado de defesa americano e reforce a parceria e projetos conjuntos na área – processo este iniciado já ano passado, quando os Estados Unidos garantiram ao Brasil o status de aliado prioritário extra-OTAN ao Brasil.  No que diz respeito aos leilões de 5G, atualmente as chances seguem sendo baixas de que o governo federal imponha algum banimento à Huawei. O caminho adotado deve seguir aquele proposto pela União Europeia, que recomenda a limitação da presença de empresas consideradas de “alto risco” na infraestrutura de seus países-membros.