Nos próximos dias, os Estados Unidos deverão confirmar o envio de uma carta formal de apoio à entrada do Brasil
Com a eleição de Alberto Fernández na Argentina, tornou-se mais fácil que o Brasil ocupasse a vaga que antes havia sido concedida ao país. Isso porque a administração Trump entende que, com a vitória de um peronista, o ingresso do país na OCDE não seja uma prioridade.
É provável que as negociações tenham sido favoráveis à entrada do Brasil no bloco como um gesto de apoio às concessões que o Brasil tem feito aos Estados Unidos desde que Bolsonaro assumiu o governo:
Em outubro, após a declaração oficial de que os Estados Unidos apoiavam o ingresso apenas da Argentina e da Romênia, diversas queixas foram registradas sobre o alinhamento do governo brasileiro aos Estados Unidos, uma vez que as concessões ao país não resultaram em ganhos significativos para o Brasil.
Àquela época, ainda que o Secretário de Estado dos EUA tenha declarado que a carta não refletia por completo o posicionamento do governo estado-unidense, foi gerado um desconforto entre as autoridades brasileiras pela falta de um posicionamento oficial da administração Trump para entrada do Brasil na OCDE. Até o momento, o benefício mais relevante concedido pelos Estados Unidos ao Brasil foi o de torná-lo um aliado importante extra-OTAN, parceria que pode viabilizar a compra de tecnologias bélicas com concessões preferenciais, além de colaboração em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de defesa. Dessa forma, a mudança de posição dos Estados Unidos mostra-se como uma vitória da política externa do governo Bolsonaro.
Portanto, é esperado que os Estados Unidos se posicionem em breve sobre o seu apoio ao ingresso do Brasil na OCDE. Ainda que o Brasil venha se preparando com afinco para entrar na OCDE desde 2016, a possível adesão do Brasil ao bloco ainda deverá perpassar por uma série de etapas. Você sabe quais são?
Apesar de ainda ser necessário o aval dos outros países-membro, a mudança da posição estado-unidense deve possibilitar que o pedido de candidatura feito pelo Brasil em 2017 seja efetivamente votado pelo Conselho, órgão de cúpula da OCDE, visto que o governo americano é o principal responsável por impedir a entrada de novos membros. Somente após votação favorável do Conselho, inicia-se efetivamente as discussões de acessão e cria-se o “Acession Roadmap”, documento que indica as condições e o processo de acessão para o país.
Dessa forma, o início da próxima etapa depende da formalização da nova posição dos Estados Unidos e da organização da OCDE. Apesar do processo ser naturalmente moroso, o presidente Bolsonaro, espera que o tempo total para a entrada do país na organização seja breve.