Ao longo dos últimos anos o Poder Legislativo tomou uma série de decisões que resultaram na perda de prerrogativas para o Presidente da República e a aprovação de novas regras para o orçamento impositivo é mais um episódio deste fenômeno. Apesar disso, a falta de uma base governista consolidada no Congresso acaba intensificando esse processo e coloca o presidente Bolsonaro em uma posição um pouco mais delicada do que alguns de seus antecessores. A escalada de tensões nas últimas semanas, assim como notícias sobre o apoio de Bolsonaro e seu filho, Eduardo, ao Orçamento Impositivo em anos anteriores, significa que um acordo entre os poderes na sessão é improvável. Embora o bloco do “centrão” defenda a derrubada do veto e possua votos suficientes para executá-lo, é incerto se o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM/AP) se disponha a enfrentar diretamente o Executivo sem um entendimento. Um grupo de senadores independentes – que inclui figuras como Randolfe Rodrigues (Rede/AP), Eduardo Girão (Podemos/CE) e parlamentares do MDB – pode ajudar o governo a manter o veto. Apesar disso, se o veto for mantido alguns deputados do baixo clero ameaçam se insurgir contra as lideranças, desrespeitando orientações de voto e até mesmo articulando uma candidatura própria para a presidência da Câmara em fevereiro de 2021.